A história de Zózimo Bulbul, pioneiro do cinema preto no Brasil

 


O carioca Jorge da Silva nasceu em 21 de setembro de 1937. Adotaria o nome artístico Zózimo Bulbul e faria história. De trajetória multifacetada, seria ator, cineasta, produtor e roteirista.

Imortalizou sua presença em mais de 30 filmes, destacando-se em obras emblemáticas: Terra em Transe, Compasso de Espera e As Filhas do Vento. Em 1969, quebrou barreiras ao tornar-se o primeiro preto protagonista de uma novela brasileira, Vidas em Conflito, na TV Excelsior.


Insatisfeito com a representação limitada dos negros nas telas, embarcou na direção, estreando em 1974 com o curta-metragem em preto e branco Alma no Olho. Este filme, uma ode à diáspora africana, não apenas reflete a influência do Teatro Experimental Negro de Abdias do Nascimento, mas também antecipa uma representação do negro desvinculada de estereótipos elitistas e conservadores.


Em 1988, dirigiu seu primeiro longa, Abolição, análise crítica do centenário da abolição da escravatura no Brasil. Sua filmografia inclui ainda curtas que exploram a presença negra na sociedade brasileira, como Aniceto do Império (1981) e Samba no Trem (2000). Em 2010, a convite do Presidente do Senegal, deu vida ao filme Renascimento Africano, celebração dos 50 anos de independência senegalesa.

Fundou, em 2007, o Centro Afro Carioca de Cinema, um farol de conscientização, memória e estímulo para a cinematografia afro-brasileira. Os Encontros de Cinema Negro, marco histórico, não só promovem debates sobre cinematografias negras no mundo, mas também afirmam o compromisso político de Bulbul: para ser exibido, o realizador tinha de ser negro. O cinema, conforme sua visão, é o reflexo de subjetividades da diáspora projetadas na tela.


A 24 de janeiro de 2013, Zózimo Bulbul partiu, vencido por um câncer no colo do intestino. Em sua terra natal. O legado do artista, entretanto, permanece um testemunho da resistência, denúncia das desigualdades e celebração da cultura negra no Brasil. Um pioneiro que transcendeu as câmeras, moldou a narrativa do cinema nacional, virou nome de mostra de cinema e continua a inspirar as gerações futuras.






Postar um comentário

0 Comentários