A história de Rubens Ewald Filho

 

Foto: Paula Azenha/Acervo Santos Film Fest. 

Rubens Ewald Filho, filho de Elza Ferreira Ewald e Rubens Azevedo Ewald. Rubinho para os mais chegados, o Homem do Oscar para milhares de pessoas, santista, pisciano, nasceu em 7 de março de 1945. Seu pai era presidente do Clube Saldanha da Gama na Ponta da Praia, diante do Canal da Barra. Rubinho acordava bem cedo todos os dias para ir treinar natação, fizesse sol ou chuva (não havia aquecimento de piscina na época). Nadou no oceano, pulou do trampolim velho (hoje demolido), atravessou o canal a nado - por vezes fugindo dos navios que passavam.


Pegava a baleeira para ir até as praias da Pouca Farinha, do Góes, ou o fechadíssimo Clube de Pesca. E também participava de travessias muitas vezes nadando com os botos ou se desviando das águas vivas. Encontraria, no cinema, um amigo, um confidente, um parceiro, uma janela para o mundo. Leitor das revistas Filmelândia (Screen Stories) e Cinelândia (Modern Screen), anotava tudo o que achava necessário sobre os filmes em seus cadernos. Faria quatro faculdades simultaneamente: Jornalismo, Geografia, História e Direito.   


Carteirinha da escola. Foto: Paula Azenha/Acervo Santos Film Fest. 


Pioneiro de várias maneiras, tornou popular a profissão Crítico de Cinema no Brasil. Foi o primeiro a escrever sobre filmes na TV, sobre vídeo, depois sobre DVD. Foi o primeiro crítico a trabalhar numa televisão por assinatura, a Showtime da TVA. Depois virou diretor de programação e produção da HBO Brasil, esteve uma temporada no Telecine, passaria a apresentar programas na TV Cultura e na TNT. Foi o crítico, durante décadas, do jornal A Tribuna, em sua cidade natal. Sua primeira crítica foi publicada em 8 de outubro de 1967 no jornal, e era sobre o filme O Demônio das Onze Horas, de Jean Luc Godard. Mas foi no Jornal da Tarde, com sua coluna pioneira Filmes de Hoje na TV, que virou referência e influenciou outros jornais e críticos que fizeram colunas parecidas.


Também fez cinema como ator e roteirista. Escreveu telenovelas: a mais premiada foi Éramos Seis, em parceria com Silvio de Abreu, em duas versões na Tupi e no SBT. E tornou-se diretor teatral em sucessos como Querido Mundo, Hamlet Gashô, O Amante de Lady Chatterley, Doce Veneno: Bruna Surfistinha.


Foto: Paula Azenha/Acervo Santos Film Fest. 

É conhecido como o homem do Oscar - alcunha dada pela revista Veja São Paulo - comentou a premiação mais de 30 vezes, além do Globo de Ouro e do SAG. Um recorde.


Aliás, falando em recorde, seu amor pelo cinema é observado nos 53 mil filmes que assistiu, sem levar em consideração as reprises e séries. Um recorde mundial, digno do Guinness Book.


Trabalhou nos principais órgãos de imprensa do Brasil (de Veja a O Estado de São Paulo), nas emissoras de televisão (começou na TV Cultura, ficou 12 anos na Rede Globo, depois Record e Bandeirantes). Seus guias de vídeo e, posteriormente, DVD, ajudaram a formar gerações de cinéfilos no Brasil. Faz comentários no rádio que são distribuídos por todo o Brasil e para a Rádio Jovem Pan em São Paulo. Lançou em 2007 o livro O Cinema vai à Mesa, pela Editora Melhoramentos (premiado na Inglaterra) e, em 2008, Bebendo Estrelas, sobre vinhos e coquetéis.


Foto: Ricardo Gaspar/Acervo Santos Film Fest. 


Foi coordenador da Coleção Aplauso da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, que lançou mais de 170 títulos de resgate e preservação da memória cultural do Brasil. Considera seu trabalho mais importante o Dicionário de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977.


Criou o polo cinematográfico de Paulínia e foi curador do principal festival de cinema do país, em Gramado. Produziu filmes através de sua produtora GPS Entertaiment. Lançou, em 2016, o longa-metragem Somos Todos Estrangeiros, sobre refugiados.


Batiza a sala de cinema do Cine Arte Posto 4, na orla da praia de Santos. Em 2013 abriu o 2º CulturalMente Santista – Fórum Cultural de Santos, para auditório lotado e, no mesmo ano, recebeu a Estrela na Calçada da Fama, do Cine Roxy. No ano seguinte, foi homenageado como Super Crítico pelo 1º Nerd Cine Fest Santos.




Em 2018, precisou se desculpar publicamente ao dar uma declaração transfóbica na transmissão do Oscar, ao dizer que a atriz trans Daniela Veja, do Chile, que foi receber o Oscar de filme em língua estrangeira por Uma Mulher Fantástica, seria, na verdade, um rapaz. O que pegou mal. Logo ele se desculpou.


Rubens foi homenageado no 3º Santos Film Fest – Festival de Cinema de Santos, quando ganhou uma autobiografia em livro de bolso tal qual os da coleção Aplauso, chamada Rubens Ewald Filho – Vida de Cinema. Houve uma exposição com centenas de itens de seu acervo pessoal, entre memorabilia, revistas, jornais, pinturas, quadros, etc, e exibição da cópia restaurada de Felini Oito e Meio seu filme preferido.


Ele faleceu em 19 de junho de 2019, depois de semanas internado após cair em uma escada rolante, num shopping em São Paulo.  




         


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