Massacre no Bairro Japonês (Showdown in Little Tokyo, 1991) é um exemplar típico da ação exagerada e cheia de clichês que marcou os anos 90, dirigido por Mark L. Lester – o mesmo de Comando para Matar (1985). O filme abraça o absurdo ao misturar pancadaria, humor involuntário e personagens caricatos.
Dolph Lundgren, um dos astros da era “exército de um homem só”, interpreta Chris Kenner, policial dos Estados Unidos criado no Japão - ele incorpora elementos da cultura samurai no combate ao crime em Little Tokyo, Los Angeles. Ao seu lado está Johnny Murata, vivido por Brandon Lee, em sua primeira participação em um longa-metragem. Murata é um nipo-americano habilidoso em artes marciais, mas desconectado de suas raízes culturais (como se fosse obrigação dele).
Juntos, enfrentam Yoshida, papel do sempre eficiente Cary-Hiroyuki Tagawa (Mortal Kombat, 47 Ronins), chefão da Yakuza que lidera um esquema de drogas e extorsão.
Não faltam cenas que marcaram quem foi criança naqueles tempos. Por exemplo, a luta na sauna, onde o vapor denso transforma o ambiente em um ringue abafado e estilizado, criando um clima que beira o surreal. Já a boate onde Minako Okeya (Tia Carrere) canta serve de pano de fundo para sequências que evocam o visual estilizado e sombrio típico dos filmes de máfia japonesa dos anos 80. Tia Carrere, por sinal, foi crush de muitos garotos naqueles tempos.
As coreografias são bem executadas, com Lundgren e Lee demonstrando sintonia nos combates corpo a corpo e nos tiroteios. Entre as lutas, surgem diálogos que soam cômicos de tão exagerados. A química entre os protagonistas se apoia em frases de efeito e piadas que às vezes resultam involuntariamente engraçadas e politicamente incorretas. Os vilões, estereotipados à enésima potência, parecem saídos de histórias em quadrinhos dos anos 40.
Lançado no mesmo ano de O Exterminador do Futuro 2 – O Julgamento Final (1991), Massacre no Bairro Japonês foi mal nas bilheterias. Mas ganhou popularidade nas locadoras e em reprises televisivas. A estreia na TV Globo, em 6 de junho de 1994, o tornou, de certa maneira, cult. Ao menos para os fãs de ação. Isso somado ao fato de Brandon Lee ter falecido de maneira trágica em 1993. Enquanto filmava O Corvo (The Crow), foi mortalmente ferido pelos projéteis de uma arma que deveriam ser de festim. O Corvo, lançado postumamente em 1994, virou objeto de interesse até por que Eric Draven, personagem de Brandon, era assassinado e ressuscitava para se vingar.
Dolph Lundgren consolidaria sua imagem na cultura pop, pois foi:
Ivan Drago em Rocky IV (1985), o pugilista soviético que enfrenta Rocky Balboa; He-Man em Mestres do Universo (1987), no primeiro live-action baseado na linha de brinquedos da Mattel; Frank Castle / Justiceiro em O Justiceiro (1989), uma das primeiras adaptações da Marvel para o cinema; Andrew Scott / GR13 em Soldado Universal (1992), enfrentando Jean-Claude Van Damme; Rei Nereus em Aquaman (2018), como líder atlante no universo da DC Comics.
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