Crítica | Batalhão 6888: O Filme de Tyler Perry Que Resgata uma História Apagada da Segunda Guerra Mundial

No emocionante drama da Segunda Guerra Mundial, Batalhão 6888, no Netflix, o diretor Tyler Perry atinge um novo nível na carreira ao equilibrar narrativa envolvente e profundidade artística. Baseado em fatos, o filme retrata o 6888º Diretório Postal Central, a única unidade exclusivamente feminina e negra do Corpo Feminino do Exército a servir na Europa. Essas mulheres foram encarregadas de organizar 17 milhões de correspondências esquecidas, devolvendo esperança a soldados e suas famílias em um momento crucial da história.

O elenco é um espetáculo à parte. Kerry Washington (Django Livre) brilha ao viver a Major Charity Adams, líder de 855 mulheres que enfrentam a desconfiança e o preconceito. Ebony Obsidian (Sistas) entrega uma performance comovente como a soldado Lena Derriecott King, cuja história de sacrifício e amor com Abram (Gregg Sulkin) nos lembra de casais separados pelo conflito bélico.

A apresentadora Oprah Winfrey (Selma - Uma Luta pela Igualdade, A Cor Púrpura) volta a atuar e dá vida à humanitária Mary McLeod Bethune, enquanto a sempre cativante Susan Sarandon (Thelma & Louise, Os Últimos Passos de um Homem) interpreta a primeira-dama Eleanor Roosevelt levando ao espectador a força que o papel exige. Juntas, elas convencem Franklin D. Roosevelt (Sam Waterston, o eterno promotor de Lei & Ordem) a permitir que o batalhão assuma essa missão hercúlea.

Perry tem certa liberdade criativa ao adaptar o artigo de Kevin M. Hymel, mas sem perder a essência. O cineasta entrega um trabalho maduro e emocional, que transforma uma tarefa inicialmente considerada humilhante em um ato sagrado de resiliência e redenção.

A abordagem de Perry remete a Milagre em Sant’Anna (2008), de Spike Lee, que trouxe à luz a história da 92ª Divisão de Infantaria, composta apenas por soldados negros durante a Segunda Guerra Mundial. Ao explorar o racismo enfrentado por aqueles que lutaram pela liberdade, Lee também destacou os desafios de quem é invisibilizado na narrativa histórica. Estrelas Além do Tempo (2016), de Theodore Melfi, também merece ser lembrado pelo olhar sensível ao destacar o papel fundamental de mulheres negras na NASA durante a corrida espacial, trazendo à tona o impacto de suas contribuições apagadas pelo preconceito.

Batalhão 6888, Milagre em Sant’Anna e Estrelas Além do Tempo são essenciais. Estas obras mostram quem realmente fez a diferença na história, revelando capítulos apagados por um racismo estrutural presente nas escolas e na indústria cultural. Quando ressaltam essas mulheres e homens no centro da narrativa, esses filmes resgatam memórias que foram injustamente ignoradas. E ajudam a inspirar as novas gerações, convidando-nos a reescrever o passado com justiça e dignidade.

⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️

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