Gabriel Chaim, o cineasta brasileiro que filmou o massacre em Gaza

O cineasta brasileiro Gabriel Chaim, com 41 anos, é um renomado documentarista que atualmente está cobrindo os acontecimentos do massacre na Palestina . Ao longo da última década, dedicou-se a documentar eventos como a Guerra Civil na Síria, o surgimento do Estado Islâmico no Iraque e os acontecimentos na Ucrânia.

Desde outubro de 2023, o documentarista está sediado em Tel Aviv, Israel, onde realiza reportagens diárias para a TV Globo e a GloboNews. Este trabalho resultou no documentário Evel, Hazin - Dias de Luto, que estreou em 28 de dezembro no canal a cabo. 

Indagado sobre o medo, Gabriel Chaim revela que já enfrentou situações extremas, esteve à beira da morte e testemunhou cenas impactantes. No entanto, destaca a importância do trabalho, reconhecendo que cobriu inúmeras guerras, inclusive as internas.


Em entrevista a Patricia Kogut, publicada no jornal O Globo, destaca que sua atuação permite revelar uma realidade muitas vezes desconhecida. "Sinto-me realizado ao apresentar isso ao mundo. Acredito que o impacto que o público experimenta gera um senso de solidariedade. Meu objetivo é retratar aquilo que as pessoas muitas vezes evitam encarar: a maldade e a ausência de esperança."

Natural de Belém, no Pará, é pai de uma adolescente de 14 anos e um menino de 8 anos, que residem com a mãe em São Paulo. Confessa sentir muita saudade da convivência cotidiana com os filhos, descrevendo como se sente inútil ao retornar à rotina por longos períodos.

Poliglota, o cineasta domina o inglês, italiano e possui conhecimentos básicos de árabe e curdo. Suas constantes viagens exigem a renovação do passaporte duas vezes por ano devido ao grande número de carimbos.

Ao longo da carreira, Chaim acumulou diversos prêmios, incluindo dois Emmys de jornalismo pela CNN dos Estados Unidos.

Antes de se tornar documentarista, ele experimentou diversos caminhos profissionais. Inicialmente, tentou o vestibular de Economia em Belém, seguido pela mudança para o Rio de Janeiro, onde iniciou o curso de Direito, posteriormente trocado por Publicidade e, por fim, Cinema. Além disso, aventurou-se na abertura de uma sorveteria e um bar, sem sucesso.

Sua busca por diferentes experiências o levou a São Paulo, onde começou a estudar Gastronomia. No entanto, no último semestre, abandonou o curso e decidiu morar em Spello, na Itália, para trabalhar em um restaurante com um amigo. 

Embora o emprego não fosse satisfatório, uma oportunidade em um restaurante em Dubai surgiu, oferecendo um salário atrativo. Esse trabalho permitiu a Chaim explorar diversos destinos, viajando de trem por Turquia, Hungria, Sérvia e Bulgária, além de passar pelo Irã. Foi durante essa fase que se deparou com a realidade de um campo de refugiados no Afeganistão, despertando seu interesse.

Já fotógrafo nesse período, registrava não apenas paisagens, mas também gastronomia. Após economizar dinheiro, dirigiu-se à Jordânia, onde passou dois meses documentando o campo de refugiados de Zaatari. Em 2013, encontrava-se no Egito quando ocorreu o golpe que depôs Mohamed Mursi. Essa experiência moldou sua trajetória rumo ao jornalismo documental.

"Em meio ao cobrir o golpe para uma revista, a Guerra Civil na Síria se desenrolava, uma zona inacessível. Desafiando as adversidades, alcancei Aleppo, encontrando refúgio em um ambulatório. Deslocava-me entre os postos de controle do Estado Islâmico, uma exposição brutal aos horrores da guerra. Após três meses intensos, emergi transformado. Vendi material para a TV americana e, em 2013, o Fantástico adquiriu minha produção", relata Gabriel Chaim. Desde então, passou a contribuir regularmente para a GloboNews.

Na pandemia, esteve no Iraque, dedicando cinco meses ao acompanhamento diário de um hospital em Bagdá, resultando em um documentário para a BBC. Essas experiências continuam a moldar a narrativa impactante de Chaim no cenário jornalístico.

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